Saiba mais sobre a importância, os benefícios e os desafios do SAF na aviação moderna.
A indústria aeronáutica é responsável por uma parcela significativa das emissões globais de CO2, contribuindo para as mudanças climáticas. No Brasil, essa indústria representa cerca de 22% das emissões de CO2 do setor dos transportes, ficando atrás apenas do modal rodoviário. Devido a seu constante crescimento, a redução dessas emissões é crucial para mitigar os impactos ambientais e alcançar as metas de sustentabilidade global. A implementação de Combustíveis de Aviação Sustentáveis (ou SAFs, Sustainable Aviation Fuels), representa uma importante estratégia para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na aviação comercial. No contexto brasileiro, enquanto alguns avanços têm sido feitos, desafios significativos ainda persistem, exigindo uma avaliação criteriosa das implicações técnicas, logísticas e ambientais envolvidas na produção e distribuição de SAFs. Atualmente, no Brasil, a produção de SAFs é incipiente, com poucas refinarias engajadas nesse segmento. Destacam-se, entre essas refinarias, unidades como a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), localizada no Paraná, e a Refinaria Henrique Lage (REVAP), situada em São Paulo. Essas refinarias, entre outras, têm despontado como pioneiras na produção de SAFs, apontando para um potencial significativo de crescimento e diversificação no setor.
As crises de petróleo e a constante flutuação de preços afetam a economia global e a estabilidade dos mercados de energia. São momentos de instabilidade que podem gerar fortes paralizações nos voos e até um aumento acentuado no valor das passagens, que afeta a economia de forma geral. Um supply chain bem formado de SAF pode mitigar esses problemas, permitindo a transformação de uma diversidade de matérias-primas abundantes no país em combustível, oferecendo ainda uma alternativa mais estável e sustentável aos combustíveis fósseis, reduzindo a dependência de recursos não-renováveis e aumentando a resiliência energética. O Brasil possui uma vasta disponibilidade de matérias-primas adequadas para a produção de SAF, o que representa uma vantagem competitiva significativa. A glicerina (C3H8O3), por exemplo, subproduto da produção de biodiesel e uma das possíveis matérias-primas para produção de SAF, é produzida em quantidades substanciais devido à crescente demanda do combustível.
O Combustível de Aviação Sustentável (SAF) é um combustível derivado de fontes renováveis, como biomassa, resíduos agrícolas, óleos vegetais e até resíduos sólidos urbanos. Ele é projetado para ser misturado com querosene de aviação convencional e pode ser utilizado em aeronaves existentes sem a necessidade de modificações técnicas. Quando produzidos e utilizados de forma sustentável, os SAFs podem resultar em reduções significativas das emissões de GEEs em todo o ciclo de vida. Desenvolvidos como uma resposta ao aumento das preocupações globais com as mudanças climáticas, os SAFs têm o potencial de substituir os combustíveis aeronáuticos tradicionais, minimizando a pegada de carbono da aeronáutica, e alinhando a indústria da aviação com as metas de sustentabilidade globais. Os SAFs oferecem ainda uma solução para o armazenamento de energia renovável, oriunda de locais remotos onde a rede local não pode utilizá-la plenamente, transformando-a em combustível líquido para uso em diversas aplicações. Este recurso é particularmente útil para resolver desafios relativos à intermitência e à sobreprodução de fontes de energia renováveis, melhorando a eficiência geral do sistema. Diversas fontes de energia elétrica, como eólica, solar, maremotriz e hidráulica, podem ser empregadas para produzir SAFs. Isso oferece flexibilidade na utilização da matriz energética, conforme a disponibilidade de cada local
As principais rotas de formação de SAF incluem:
O uso de SAFs na aviação tem o potencial de reduzir drasticamente o impacto ambiental associado a voos comerciais. Atualmente, a utilização de SAFs pode reduzir as emissões de CO2 de voos em até 94% em comparação com os combustíveis fósseis convencionais.
Várias companhias aéreas já realizaram voos utilizando SAF. Exemplos incluem:
Apesar dos inúmeros benefícios, o SAF enfrenta desafios significativos para se tornar um combustível de amplo uso. Dentre essas dificuldade, as principais são:
Esses fatos demonstram a necessidade de expandir e adaptar a infraestrutura logística existente para garantir a eficiência no transporte do SAF das refinarias até os aeroportos, assegurando a fiabilidade do abastecimento dos aeroportos com novo combustível. Tais mudanças requerem um planejamento detalhado e investimentos em infraestrutura de produção, transporte e armazenamento, considerando a crescente demanda por combustíveis aeronáuticos. Em um nível global, os incentivos governamentais e regulatórios permitem acelerar as pesquisas e o desenvolvimento de novas tecnologias, tornando o SAF mais eficiente e competitivo em preço, principalmente quando comparado aos combustíveis tradicionais. Tais medidas estimulam a formação de um mercado robusto para o SAF, impulsionando o avanço tecnológico e a sustentabilidade aeronáutica. Além disso, as políticas de incentivo ao SAF apoiarão a diversificação da matriz energética do transporte aéreo, diminuindo a sua dependência dos combustíveis fósseis e aumentando a segurança energética. Com essas medidas, os governos demonstram liderança na luta contra as mudanças climáticas, ao mesmo tempo que desempenham um papel estratégico na transição global para uma economia de baixo carbono.
O Brasil possui um grande potencial para a produção de SAF, devido à sua abundância de biomassa e expertise na produção biocombustíveis. Empresas como a Amyris, GranBio e Raízen estão na vanguarda da produção de SAF no país. No entanto, o custo de produção ainda é um desafio, e a escala de produção precisa ser aumentada para atender à demanda crescente e reduzir custos.
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